
Mãe leopardo e seu filhote em descanso sobre a rocha
Nem só de açúcar vivem os contos.
Em Pâtisserie e outros contos, este espaço nasce como um prolongamento natural do olhar, aquele mesmo que aprende a demorar-se nos detalhes, seja na delicadeza de uma sobremesa francesa, seja nas linhas profundas de uma gravura.
Aqui reúno ilustrações e gravuras inspiradas na tradição da xilogravura clássica, uma linguagem visual marcada pelo contraste, pela profundidade das sombras e pela força simbólica do traço. Embora não sejam xilogravuras no sentido técnico, entalhadas em madeira e impressas a partir de uma matriz, elas dialogam com essa estética ancestral, feita de tempo, paz e decisão.
Entre os grandes nomes que elevaram essa linguagem, Gustave Doré ocupa um lugar muito especial para mim. Não apenas pela beleza do seu trabalho, mas pelas obras que ilustrou: textos densos, simbólicos, espiritualmente exigentes. Doré não se limitava a representar cenas; ele escavava atmosferas, conflitos morais, luzes e abismos da alma humana. Suas gravuras fazem parte das maiores obras-primas da literatura universal.
As imagens que escolhi para partilhar giram em torno dos grandes felinos. Há neles algo que sempre me comoveu profundamente: a força contida, a elegância sem vaidade, o olhar atento e discreto. Nos felinos, reconheço a harmonia da criação, a inteligência da natureza e, sobretudo, a presença de Deus, assim como a percebo em toda a Sua obra.
Estas gravuras não pretendem explicar, apenas convidam à contemplação. São pausas visuais entre um doce e outro, entre uma receita e um pensamento. Pequenos contos sem palavras, tecidos em sombra e luz.
Sejam bem-vindos a mais este canto do blog.
Aqui, a arte também é prece.
